O ex-mandatário, que governou a França de 2007 a 2012, é suspeito de ter recebido milhões de euros da ditadura líbia de Muammar Gaddafi para financiar a campanha de 2007.
As denúncias do esquema a princípio foram feitas pelo empresário franco-libanês Ziad Takieddine, em 2013. Depois de ter afirmado que entregou pastas com dinheiro procedente de Khaddafi ao chefe da equipe de Sarkozy, no entanto, ele voltou atrás.
O caso é complexo e não traz prova indiscutível de financiamento oculto, mas há uma série de indícios, como documentos, testemunhos e elementos financeiros que levaram a Justiça a acusar o ex-presidente de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha, ocultação de fundos públicos líbios e conspiração. O ex-presidente rejeita todas as acusações.
É no contexto desse processo, pelo qual Sarkozy será julgado em 2025, que Bruni foi acusada agora. A Justiça busca esclarecer por que Takieddine mudou sua versão, e suspeita que pessoas no entorno de Sarkozy tenham-no pressionado nesse sentido.
Bruni é suspeita porque uma investigação mostrou que ela apagou todas as mensagens que tinha trocado com Michele Marchand, dona de uma das principais agências de papparazzi da França, no mesmo dia em que esta foi acusada de manipulação de testemunhas —a testemunha sendo, no caso, Takieddine.
A ex-primeira-dama nega que tenha cometido algum crime. Seus advogados, Paul Mallet e Benoît Martinez, afirmaram que a acusação não tem fundamentos jurídicos ou factuais, e que Bruni “está decidida a exercer seus direitos e impugnar esta decisão infundada”.
Durante o começo de seu mandato, Sarkozy teve proximidade com Gaddafi. O ditador chegou a ser recebido em Paris, em 2007.
No entanto, em 2011, a França ajudou a retirá-lo do poder durante a Primavera Árabe, inclusive com apoio militar aos rebeldes. O ditador foi morto enquanto tentava fugir.
Este não é o único processo que Sarkozy enfrenta na Justiça. Em 2021, ele se tornou o primeiro presidente da história da França a ser condenado à prisão por um caso ocorrido durante seu mandato, no chamado caso das escutas por corrupção e tráfico de influência.
Então, a Justiça entendeu que houve um “pacto de corrupção” entre o ex-presidente, seu advogado Thierry Herzog e o ex-magistrado Gilbert Azibert —os três receberam a mesma sentença. O caso envolvia a herdeira da empresa de cosméticos L’Oréal, Liliane Bettencourt.
Sarkozy foi acusado de ter se aproveitado da senilidade mental dela para obter doações acima do teto legal e financiar sua campanha presidencial de 2007.
Ele ainda enfrenta outra ação, por gastos irregulares na sua campanha de 2012. Seus advogados recorreram em ambos os processos.