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Putin vê com cautela ideia de Argentina integrar Brics

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, na quinta-feira, que a Argentina é seu “principal sócio estratégico” na América Latina e que “valoriza” o desejo do país de integrar os Brics (grupo de países em desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Contudo, Putin mostrou cautela quanto às aspirações argentinas. “No entanto, a questão de aumentar o número de seus membros por enquanto não está em questão”, disse.

Suas declarações foram feitas à agência Prensa Latina, de Cuba, um dia antes de iniciar seu tour pela América Latina, que começou por Havana nesta sexta-feira, segue para a Argentina no sábado e depois para o Brasil.

Ainda sobre o debate sobre a entrada da Argentina no grupo, nesta semana, poucas horas antes das declarações do presidente russo, a agência oficial de notícias da Argentina, Telám, informou que uma das autoridades do Ministério das Relações Exteriores da China teria dado apoio à entrada da Argentina no grupo que se reunirá na terça-feira em Fortaleza, no Ceará. “China apoiará a entrada da Argentina nos BRICS”, destacou a agência.

Índia, Brasil e África do Sul já haviam mostrado que estavam de acordo quanto a uma entrada argentina, de acordo com a imprensa argentina.

As incertezas financeiras do país e os avanços do grupo em relação a questões financeiras, contudo, seriam empecilhos para a Argentina integrar os BRICS.

A sexta cúpula dos BRICS acontecerá na terça-feira (15), em Fortaleza. Na quarta-feira (16), o grupo se reúne com países da América do Sul, em Brasília.

Dificuldades

País de cerca de 40 milhões de habitantes, a Argentina enfrenta hoje a contagem regressiva para não cair em seu segundo calote em treze anos.

Neste quadro de incertezas financeiras, e com cerca de U$ 30 bilhões de reservas do Banco Central, a Argentina não estaria apta para integrar os BRICS neste momento, segundo fontes do governo brasileiro.

Nesta visão, faltaria à Argentina a capacidade para pagar uma espécie de “pedágio”, afirmou-se, para ser parte do grupo que em Fortaleza avançará em suas engenharias financeiras – a criação de um fundo de ajuda para casos de emergência e de um banco de desenvolvimento.

Nos dois casos, os Brics terão que desembolsar recursos para estas criações, disseram. Hoje, a Argentina não contaria com estes recursos. “O grupo está subindo de degrau, definindo estruturas financeiras e por enquanto não se fala em um membro mais”, disseram fontes do governo brasileiro à BBC Brasil.

Expectativas

Existia em Buenos Aires, nos bastidores do governo e no âmbito político, expectativa pelas palavras de Putin, já que em maio o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, escreveu em sua conta no Twitter que a Rússia estaria convidando a Argentina a participar da reunião do grupo em Fortaleza.

A afirmação foi feita durante visita do ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, à Moscou, gerando especulações em Buenos Aires de que o gesto poderia ser para que a Argentina fizesse parte dos BRICS.

Lavrov afirmou, porém, que para isso seria necessário o consenso do grupo. Na época, a Argentina sugeriu apoio à Rússia na disputa territorial com a Ucrânia e a Rússia apoiou a Argentina na disputa pela “soberania” das Malvinas, como indicou Timerman, de acordo com a imprensa argentina.

A presidente Cristina Kirchner chegou a informar sobre o convite em sua conta no Twitter. “É um dia muito importante para a Argentina (…) pelo convite para a participação na reunião dos BRICS, em julho”, disse.

O ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Argentina García Mortitán escreveu, naquele mesmo mês de maio, um artigo no jornal econômico El Cronista, de Buenos Ares, dizendo que a Argentina poderia entrar para os BRiCS, como a África do Sul fez em 2011. “Com isso, os BRICS passariam a se chamar BRICSA”, escreveu García Moritán.

Apesar de ter anunciado em sua conta no Twitter, em maio, que participaria do encontro dos BRICS no dia 15 de julho em Fortaleza, Cristina Kirchner informou na quinta-feira, através de uma carta à presidente Dilma Rousseff, que chegará ao Brasil apenas a tempo da reunião dos BRICS e dos demais países da América do Sul, no dia 16, em Brasília.

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