O encontro é promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.
Mais de 500 pessoas são esperadas no evento, entre autoridades, ministros, representantes de empresas de diversos setores e instituições públicas de ambos os países.
O presidente Lula deve discursar no encerramento do encontro, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric.
Um mapeamento feito pela Apex-Brasil mostra que o mercado chileno oferece 1.745 oportunidades comerciais para a ampliação das exportações brasileiras, com destaque para quatro setores: máquinas e equipamentos de transporte, combustíveis e lubrificantes, produtos alimentícios e artigos manufaturados em geral.
Esses mercados balizam as ações comerciais do governo brasileiro em meio à visita oficial de Lula a capital chilena.
Os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) também estarão presentes.
Corredor Bioceânico
Empresários brasileiros e chilenos também terão a oportunidade de debater temas da agenda regional, como a obra de infraestrutura do Corredor Bioceânico, caminho com mais de 1.800 km de extensão que ligará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do Norte do Chile.
O projeto envolve a parceria de quatro países sul-americanos: Brasil, Chile, Argentina e Paraguai.
Do lado brasileiro, o trecho de 13 km da BR-267 que dá acesso à ponte internacional — e ligará Brasil e Paraguai — tem orçamento garantido pelo novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O trecho da obra custará, segundo o Ministério do Planejamento, cerca de R$ 200 milhões.
A viagem de Lula ao Chile pode trazer avanços na questão aduaneira para o corredor, que ainda é considerada um desafio para os governos envolvidos.
Responsável pela coordenação do projeto no estado de Mato Grosso do Sul, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, avalia que o encontro bilateral representa uma oportunidade para fortalecer a cooperação entre os países do corredor e promover turismo e o desenvolvimento sustentável na região.
“O fórum é fundamental para os governos confirmarem posicionamentos políticos e construírem acordos de regulação. Quando o governo sinaliza essas condições aos empresários, o capital privado vem por si só”, afirmou o secretário.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a obra está em fase de conclusão e, neste momento, os países estão discutindo como garantir os serviços fronteiriços e logísticos, além do incentivo a empreendimentos na região.
“É uma obra importantíssima para o escoamento das nossas exportações. É o corredor de Capricórnio, que está quase finalizado. E já estamos começando a conversar sobre as aduanas, porque isso vai servir para escoar, da mesma maneira que outros corredores, nossas exportações do Centro-Oeste, de commodities, para a China, com uma economia significativa. Sem contar o desenvolvimento do próprio corredor. Ou seja, ao existir uma estrada, há posto de gasolina, restaurante, então você vai criando um movimento ao longo da própria estrada”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan.
Com o corredor rodoviário, os portos do Chile passarão a ser importantes pontos para o escoamento da produção do Centro-Oeste brasileiro. A perspectiva é de queda significativa dos custos logísticos.
Com a criação da rota, produtos hoje exportados para a China ou outros mercados asiáticos via Santos (SP) podem ter um encurtamento de até três semanas no tempo de viagem.
Relação comercial Brasil-Chile
O Brasil é o terceiro maior sócio comercial do Chile, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. A relação comercial Brasil-Chile é de US$ 12 bilhões por ano.
O Chile é o sexto maior destino de exportação do Brasil.
Petróleo, automóveis e carnes são os principais produtos fornecidos para o mercado chileno. Já o Brasil importa do país andino principalmente cobre, pescado e minério.
Padovan avalia que a relação comercial entre os dois países é consolidada, mas há espaço para diversificação.
“Nós exportamos basicamente petróleo, automóveis e carne, e importamos cobre, pescados e minérios. Então, há espaço para diversificar. Uma boa notícia foi a recente conclusão da discussão sobre regras de origem do Acordo de Livre Comércio, que permitirá exatamente o aumento das exportações de automóveis que são relevantes para o lado brasileiro”, afirmou a embaixadora.