Alvo do esquema de espionagem da suposta “Abin paralela”, o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) acionou a Justiça Federal de São Paulo e abriu um processo contra a União por danos morais.
O parlamentar também pede R$ 80 mil como reparação. Além disso, solicita o fornecimento de todas as informações que tenham sido obtidas por meio do monitoramento.
De acordo com dados apurados pela Polícia Federal (PF) e divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Kataguiri teria sido mencionado em conversas entre agentes públicos com o intuito de buscarem “podres” do deputado.
“Gera inegável dano moral o uso da estrutura de inteligência do Estado para captar ou forjar informações com o objetivo de denegrir a imagem do Autor”, diz o documento. “Cumpre lembrar que o Autor, como político, depende da sua imagem.”
Segundo a petição, escrita pelos advogados de Kataguiri, ainda não se sabe se essa foi a única ação ilegal de monitoramento contra o parlamentar.
A CNN procurou a Advocacia-Geral da União e a Justiça Federal para um posicionamento sobre a petição e aguarda resposta.
“Abin paralela”
A investigação conduzida pela PF sobre a “Abin paralela” busca desarticular uma suposta organização criminosa que estaria monitorando autoridades públicas de forma ilegal e produzindo notícias falsas utilizando os sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
As informações apuradas até o momento indicam que a Abin era usada pelo núcleo de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em benefício próprio, espionando rivais políticos do então presidente e beneficiando seus aliados.
Entre os principais citados, destacam-se Jair Bolsonaro, o ex-diretor da Abin e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Alexandre Ramagem (PL), o general Augusto Heleno, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-governador fluminense Wilson Witzel, entre outros.
Além de Kataguiri, outros agentes teriam sido espionados pelo esquema, como a Polícia Federal, ministros do STF, políticos e servidores públicos federais.