Sergipe

Aracaju terá que devolver área para São Cristóvão após decisão judicial

Marca da Aracaju Magazine

Área circulada em azul mostra território de São Cristóvão (SE) se chocando ao território de Aracaju / Imagem: Reprodução

O município de Aracaju terá que devolver uma área de 20,78 km² (aproximadamente 11,4% do seu território) para a cidade vizinha de São Cristóvão.

A disputa judicial, que começou com mudanças ilegais de limites territoriais em 1989 e foi reafirmada por uma Emenda Constitucional de 1999, culminou em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a devolução dessa área à cidade vizinha.

O litígio

A decisão da 3ª Vara Federal de Sergipe, proferida pelo juiz Pedro Esperanza Sudário, de agosto de 2023, determina que um novo mapa territorial seja elaborado pelo IBGE, e que as prefeituras de Aracaju e São Cristóvão planejem a transição das áreas.

A decisão é definitiva, após o trânsito em julgado, significando que não há mais possibilidades de recurso.

O conflito remonta à Lei 554 de 1954, que estabeleceu os limites entre os dois municípios, mas foi alterada pela Constituição de Sergipe de 1989 e pela Emenda Constitucional 16 de 1999, sendo essas mudanças consideradas nulas pelo Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) e pelo STF.

O município de São Cristóvão argumentou que as alterações ocorreram sem consulta popular e sem lei complementar, o que foi julgado inconstitucional.

Impactos da decisão

Com a decisão judicial, diversos prédios, logradouros públicos, e uma população estimada em 30 mil pessoas (dispersa em bairros da área contestada) deverão passar para a jurisdição de São Cristóvão.

Isso inclui áreas residenciais e comerciais, como condomínios de luxo, e parte da orla da capital sergipana, famosa por suas praias, como o Mosqueiro e o Viral. Além disso, a área é considerada estratégica, já que faz parte da zona de expansão de Aracaju.

Entre os dados destacados pela Prefeitura de Aracaju, a área que será transferida inclui:

  • Área disputada: 20,78 km²
  • Construções com matrícula: 6.727
  • Arrecadação de IPTU: R$ 5.219.180,02 (base 2023)
  • Escolas: 14 (6.405 alunos)
  • Postos de saúde: 3 (32.837 pacientes)
  • Pontos de iluminação pública: 3.334
  • Vias pavimentadas: 31 km
  • Áreas de risco: 6 (5 devido a deslizamento de terra e 1 devido a inundação)

O andamento do caso

A disputa começou ainda nos anos 1990, quando moradores e empresas da área começaram a contestar o pagamento de tributos, como o IPTU, para Aracaju, baseando-se na lei de 1954.

Desde então, a Prefeitura de São Cristóvão entrou com uma ação judicial em 2010, pedindo que o IBGE ajustasse os limites e refizesse a contagem populacional, já que a alteração dos limites impacta também repasse de verbas públicas, como o FPM e o Fundeb.

Em resposta, a Prefeitura de Aracaju tentou contestar a mudança alegando que a lei de 1954 não deveria ser o parâmetro, já que não refletia a atual realidade urbana.

A questão foi debatida por anos nas instâncias judiciais superiores até que, em 2023, a decisão foi finalmente dada.

Próximos passos

O IBGE agora fará um levantamento topográfico para determinar as fronteiras exatas entre os municípios e recontar a população da área em questão. A partir disso, será feito um plano de transição para formalizar a transferência de áreas e serviços para São Cristóvão.

A Prefeitura de Aracaju ainda tenta adiar a implementação da decisão. Através de um agravo de instrumento no Tribunal Regional Federal (TRF), a cidade busca negociar uma solução para a continuidade dos serviços públicos e a consulta à população sobre a mudança de domicílio.

Repercussões da decisão

Para o procurador-geral de Aracaju, Sidney Amaral, a decisão judicial representa uma ruptura drástica e poderia trazer prejuízos à população local, que poderia ser deslocada sem ser consultada.

A ideia é garantir a segurança das pessoas e a continuidade dos serviços”, afirmou. Já o procurador de São Cristóvão, Robson Almeida, defende que a decisão é justa e que a cidade precisa de um ajuste territorial para efeitos tributários e eleitorais.

Com a determinação, a área afetada incluirá desde a população residente, até infraestruturas de saúde e educação, com impactos significativos nos recursos de Aracaju. O cenário demanda uma adaptação que pode durar alguns meses.

A transição está sendo monitorada pela Advocacia Geral da União (AGU), que tem trabalhado com o governo estadual para garantir a execução das determinações judiciais. A definição dos novos limites e a reorganização territorial devem ser concluídas após o levantamento topográfico do IBGE.

Com informaçõe do UOL



Fonte

Veja também

Aracaju sedia a segunda edição da Regata Sergipe Bahia (Reseba)

Redação

Aju Animal: Prefeitura realizará campanha de adoção neste fim de semana

Redação

Dr. Augusto Cesar Esmeraldo é eleito um dos 100 mais influentes da saúde em 2024

Redação

Leave a Comment

* By using this form you agree with the storage and handling of your data by this website.